Por: Deise Navarro
1. Como você percebe os desafios da escolha profissional nos dias de hoje?
Eu costumo usar a seguinte analogia: convido o leitor a se imaginar como uma criança pequena sendo levadas pela mãe numa super loja de brinquedos. Chegando lá você vê uma variedade incrível de brinquedos, um mais legal que o outro. Alguns parecidos com outros ou totalmente diferentes e fica pensando qual poderia te satisfazer mais. Nesse momento, sua mãe te fala: “Filhinho! Você pode escolher o brinquedo que você quiser, mas só pode ser 1 brinquedo, tem que escolher agora e esse brinquedo tem que te satisfazer pro resto da vida!”
Como você se sentiria?
Eu entendo que é mais ou menos assim que o jovem se sente, porque, diferentemente do que acontecia antigamente, hoje temos uma grande variedade de cursos, além do fato de haver diferença entre as grades curriculares de cursos similares em diferentes Universidades.
Outro fator que dificulta a escolha é a inexistência, aqui no Brasil, de trabalhos efetivos de Educação para a Carreira. Essa falta leva o adolescente a se deparar com a urgência da escolha no 3° ano do Ensino médio. Nesse momento é que ele passa a conhecer as muitas opções de escolha e sente a cobrança social (a mãe da historinha) por escolher adequadamente. E como ele não havia refletido a respeito de suas escolhas, desejos e sobre um projeto de vida, tem poucas condições para escolher de forma satisfatória, com critérios próprios.
2. Como a Orientação Profissional atua nesse contexto?
A OP pode chegar nesse momento para propor ao jovem uma aproximação de si mesmo e do mundo do trabalho, dando condições para que ele realize uma escolha satisfatória. É como se o orientador chegasse lá na loja de brinquedos olhasse praquela criança e dissesse: “Calma, você não precisa escolher já, vamos pensar um pouco mais a respeito do que você realmente quer?”
As ferramentas e as intervenções realizadas num Programa de Orientação Profissional permitem a aproximação da realidade, a revisão de verdades absolutas, a investigação e a reflexão a respeito de sonhos, possibilidades e desejos.
3. Quais os aspectos que você considera mais importante para realizar uma escolha profissional autêntica?
Eu citaria dois aspectos principais: o primeiro é o autoconhecimento que significa identificar o que você imagina que vai te satisfazer. Entre outras coisa, isso envolve descobrir critérios próprios de escolha como ambiente e horário de trabalho, tipo de atividade e nível de contato pessoal, além da busca pelo aprofundamento de conhecimento a respeito das profissões. Tenha você certeza ou não do que pretende fazer na faculdade, informe-se sobre os detalhes do curso e da ocupação profissional propriamente, porque mesmo as certezas podem gerar frustração na prática. Quanto mais você conhecer as profissões, mais poderá se projetar no futuro e avaliar se aquela profissão tem a ver com seus planos pessoais, familiares e, lógico, profissionais.
4. Como você acha que os pais lidam com as escolhas dos filhos?
Eu percebo que os pais andam um pouco tensos por terem a impressão que seus filhos não estão prontos para escolher. O que por um lado faz sentido, porque os jovens estão despreparados em função do que já foi dito antes. Mas há um dado importante, as vezes desconsiderado pelos pais, que diz respeito aos recursos que ele têm para realizar a escolha. O que falta é ativar esses recursos. O ambiente familiar pode ser um ativador desses recursos na medida em que os pais se envolvam com esse momento que o filho vive, os incentivando a pesquisar a considerar a permanência na universidade e o depois, na ocupação propriamente. Dialogar, falar sua opinião, questionar os porquês da escolha, ajudarão seu filho a escolher.
5. Quais dicas você pode fornecer para os jovens que estão no momento de escolha profissional?
Eu daria um dica central que se ramifica em alguns caminhos. Busque informação! Primeiramente usando sua rede de apoio que são pessoas próximas e suas profissões. Pergunte detalhes sobre aquela ocupação, converse sobre como as pessoas se sentem a respeito, do que elas mais gostam e do que não gostam, como foi que elas escolheram. Outro caminho é ir até as Universidades, colher informações, assistir aulas, frequentar a biblioteca, o café, ver as pessoas, a maior parte das Universidades têm portas abertas pra quem quer conhecer, especialmente as Universidades públicas. E a outra opção super acessível é a internet. Pesquise, invista tempo pra conhecer os cursos e pra refletir, buscando ser crítico com as informações e pesquisando em diversas fontes.
Mas se você, apesar de seguir os passos sugeridos ainda se sentir muito perdido, vale a pena buscar ajuda profissional para participar de atendimentos individuais ou em pequenos grupos. Se esse for o seu caso, mande um e-mail para: contato@redeop.com que nós te ajudaremos a encontrar um bom orientador profissional.
Deise Navarro é Psicóloga, Orientadora Profissional e de Carreira pela USP, com certificação em MBTI.Um Projeto de Orientação Profissional é certamente a forma mais eficiente de fazer uma boa escolha!