Por: Deise Navarro
Parece que foi ontem que ouvi o som dos fogos na comemoração da chegada do ano novo.
O início de um novo ano costuma trazer esperança e desejo de mudar aspectos da vida que estejam causando insatisfação e mal estar. Desperta também a vontade de resgatar vivências e pessoas que ficaram em algum ponto do caminho, como algo que se distancia até ficar invisível no espelho retrovisor de um carro que segue rumo a outro destino.
Destino? Você já encontrou (definiu) o seu?
Qual será o destino desse ano para você? Ele será igual aos anteriores sem grandes mudanças e com planos adiados para o ano que vem?
Este texto é uma proposta reflexiva para pessoas que, ano após ano, cogitam mudar de área profissional, mas não o fazem e, apesar de pensarem a respeito em alguns momentos, só voltam a reconsiderar essa ideia no Réveillon seguinte.
Tenho a impressão que essas pessoas acabam vencidas por dificuldades que julgam ser intransponíveis. Ideias parcialmente verdadeiras, tratadas, porém, como verdades absolutas, como:
a) Sou muito velho para isso, não terei espaço no mercado de trabalho.
Orientação Profissional: Não dá pra negar que a idade interfere na escolha de uma ou outra profissão, mas também é verdade que esse costuma ser um quesito importante para cargos e funções que exijam habilidades técnicas específicas e capacidade de gestão – das emoções e de pessoas. Nunca é tarde para mudar. É preciso sim definir um destino e identificar o que você deve buscar em termos de aprimoramento e de capacitação para a mudança.
b) Não quero jogar fora todo knowhow que demorei para adquirir e começar do zero.
Orientação Profissional: Imaginar que se começa do zero quando se envolve em outra profissão é um dos receios mais comuns de pessoas que querem mudar de carreira. Obviamente, coisas muito específicas serão postas de lado, mas as vivências que se teve, bem como as capacidades que desenvolveu em sua prática profissional anterior, servirão de apoio para novas aprendizagens e novas vivências. Nosso cérebro desenvolve mais e mais conexões na medida em que aprendemos diferentes habilidades. As conexões anteriores servem de base para gerar novas conexões diante de situações diferentes ou semelhantes a outras já vividas. Além disso, os aspectos emocionais envolvidos em experiências passadas nos ajudam a desenvolver uma maior capacidade de gestão emocional e assim lidar de forma mais eficiente com todo tipo de estresse.
c) Não tenho nenhuma vocação. Nunca vou conseguir conciliar trabalho a satisfação.
Orientação Profissional: É preciso rever o conceito “vocação”. Uma palavra quase em desuso em Orientação Profissional, porque pode levar as pessoas a imaginar que têm um dom único que precisa ser descoberto, para só então ser feliz. Na verdade, assim como uma profissão serve para várias pessoas, uma pessoa pode atuar em várias profissões. É preciso investigar seus interesses e dai então explorar quais profissões podem proporcionar aquilo que você quer viver. Depois é importante avaliar: É preciso fazer um curso específico? Esse curso é superior ou técnico? Como ficaria minha agenda trabalhando nessa área? Posso ter um horário fixo ou mais flexível e qual deles eu prefiro? Conheço pessoas que atuam nessa área para poder averiguar como é a atuação profissional na prática e avaliar se é isso que quero? Entre outras coisas, como um planejamento financeiro para favorecer o processo de transição de carreira.
d) Eu sou o(a) único(a) provedor(a) da casa, não tenho escolha, tenho que trabalhar.
Orientação Profissional: Bem, nesse caso, você tem um problema a ser resolvido, mudando ou não de carreira. A não ser que seja uma decisão familiar temporária ou se estiver usufruindo de uma herança ou algo assim, acho muito complicado nos dias de hoje uma família depender financeiramente de uma única pessoa. Se isso for temporário, você pode fazer um planejamento e rever toda a economia familiar ou conversar com seu(a) parceiro(a) sobre o que ele(a) pode fazer para contribuir com os custos da casa. Uma revisão de consumo também costuma funcionar bem. De qualquer forma, uma transição de carreira nesse caso envolve bastante organização e planejamento, mas não é algo impossível.
Por fim, eu quero dizer que, se por uma lado enfrentamos muito estresse no mundo do trabalho atualmente, por outro podemos usufruir de uma gama de possibilidades de atuação profissional. Além de uma impressionante liberdade de escolha, algo inimaginável na época de nossos pais e avós.