Por: Deise Navarro
Há algum tempo a questão do estresse no trabalho, especialmente ligado ao gênero feminino, tem chamado minha atenção. Um de meus temas de estudo como psicóloga e pesquisadora sobre comportamento humano está ligado às pressões sociais que afetam profissionais que têm que lidar com uma grande carga de trabalho e ainda dar conta de muitas outras tarefas ligadas à vida pessoal e familiar.
Após ler um estudo americano do Hospital Brigham and Women, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos que tem como título original: Job Strain, Job Insecurity, and Incident Cardiovascular Disease in the Women’s Health Study: Results from a 10-Year Prospective Study, me senti mobilizada a escrever sobre o assunto com o propósito de ajudar pessoas a realizarem uma avaliação crítica sobre a forma como têm lidado com as questões profissionais e assim poderem rever suas escolhas.
Este estudo mostra que “mulheres que trabalham em ambientes excessivamente estressantes apresentam um risco maior de passar por uma cirurgia cardíaca, de sofrerem um infarto ou um derrame cerebral e de morrerem em decorrência de um problema como esse”. Os autores do estudo perceberam que a exigência por realizar várias tarefas em prazos muito curtos, costuma deixar as pessoas em constante estado de tensão e gerar uma forma de estresse psicológico que provoca efeitos adversos à saúde cardiovascular da mulher. Segundo o estudo, trabalhos desse tipo aumentam em 40% chances de evento cardiovascular, morte, cirurgia cardíaca e em 70% risco de infarto não fatal.
Alimentação e Trabalho
Entre os outros fatores relacionados ao estresse no trabalho que acabam potencializando o risco de problemas cardiovasculares em mulheres estão a grande quantidade de horas trabalhadas semanalmente, que tende levar a mulher à exaustão, e a má alimentação.
Mulheres que têm trabalho exaustivo tendem a comer mais e descontroladamente.
Segundo estudiosos sobre o assunto, as mulheres que trabalhavam exaustivamente têm tendência maior a problemas com compulsão e exagero na alimentação. Esse quadro parece se agravar em casos de mulheres que sofrem com transtorno alimentar, além de tornar qualquer uma mais vulnerável a desenvolver esse tipo de problema.
A exaustão profissional deve ser algo considerado na avaliação e tratamento da obesidade (Nina Nevanpera, 2012).
Reveja suas escolhas
Constatamos assim que há uma necessidade de cuidados especiais à saúde de mulheres que sofrem maior tensão no trabalho. Entre as saídas que enxergo nesses casos estão a prática de atividade física frequente e cuidados alimentares. Outra decisão importante a ser tomada é a de procurar um trabalho sério de Orientação de Carreira, a fim de desenvolver estratégias que permitam um planejamento de carreira no qual o critério saúde – física e emocional – seja colocado em evidência. Um bom trabalho de Orientação de Carreira permitirá que você coloque em prática sua autonomia e a execução dessa capacidade garante a integração de importantes aspectos psicológicos, diminuindo também os riscos de depressão.
Por tudo isso, procure levar mais a sério a maneira como você gerencia seu tempo pessoal e profissional, bem como a importância de optar por hábitos mais saudáveis. Cuide-se!
Deise Navarro é Psicóloga, Orientadora Profissional e de Carreira pela USP e certificada em MBTI.