Por: Deise Navarro

O físico alemão Albert Einstein declarou que “Não existe caminho lógico para a descoberta das leis do universo. O único caminho é a intuição”. Mas será que a intuição é coisa de gênio ou uma capacidade inata de qualquer ser humano?

Afinal, o que é a intuição?
Segundo o psicólogo Eugene Sadler-Smith (Universidade de Surrey) intuição é “o resultado de um processo mental realizado abaixo do nível da consciência.” Um fenômeno ligado à capacidade humana de perceber ou discernir imediatamente alguma coisa sem depender do raciocínio. Para Murray Gillin, Professor da Universidade de Swinburne, a intuição se dá pelo viés do corpo, como um “pré-estímulo que vem do sistema nervoso autônomo, antes de o cérebro tomar a decisão.”

Uma ideia que me agrada a respeito da intuição é considerá-la um aspecto arcaico do instinto de sobrevivência. Resquício de uma época na qual nossos ancestrais viviam em ambientes repletos de predadores e que não dispunham de tempo para avaliar se corriam ou não perigo e, por isso, dependiam dela para se proteger.

Hoje, usamos a intuição sem qualquer explicação lógica. E, apesar de termos desenvolvido imensamente nossa capacidade de expressão verbal, somos tomados por ela quando nos falta linguagem para explicá-la. O que costumamos dizer é…“algo me diz que…” Frase que acaba sendo suficiente tanto para quem mudou de ideia quanto para quem perguntou o porque da mudança.

Para Jung, a intuição, além de uma função psicológica fundamental, é uma capacidade instintiva que processa rapidamente a informação, relacionando automaticamente experiências passadas e informações relevantes à experiência imediata.

Talvez por isso o psicólogo David Myers, professor da Hope College (EUA) entenda que os “aspectos benéficos da intuição sejam alimentar a criatividade e orientar a tomada de decisões quando o sistema analítico não tem meios de encontrar respostas.”


A Intuição e o Mundo do Trabalho
Em um mundo cheio de novidades e movido pela urgência de tomar decisões instantâneas, é preciso estar livre de formas rígidas de pensar e de se comportar. Nesse sentido, a intuição pode ser muito útil para deixar sua criatividade disponível.

Penso também que o uso da intuição é uma forma de expressão da nossa personalidade e, por isso, traz aquela sensação de satisfação por uma escolha autêntica, fator que favorece a introspecção e ou autoconhecimento. O psicólogo Sadler-Smithum sugere que um bom treino para estimular a percepção a fim de orientar a “mente intuitiva” a formar bons palpites é utilizar técnicas mentais como meditação, já que a conexão que você mantém consigo mesmo permite o fluxo livre da intuição, deixando-a mais acessível à consciência.

Se eu fosse explicar a Intuição, diria que ela protege nossos desejos mais genuínos, na medida em que resgata memórias inconscientes sem inexplicavelmente nos conscientizar delas. Parece que a intuição atua em um nível mais profundo do nosso psiquismo e possibilita, ainda que brevemente, a quebra de padrões de repetição de comportamento, proporcionando o uso da liberdade de escolha em sua forma mais íntegra.

Deise Navarro é Psicóloga, Orientadora Profissional e de Carreira pela USP e certificada em MBTI.